quarta-feira, 2 de outubro de 2024

Código de Conduta

O filme começa bem, mas é aquela coisa, logo desanda para consequências absurdas. Recapitulando a estória: Gerard Butler interpreta um pai de família feliz com a vida. É um jovem casal com uma filhinha adorável. O sonho se torna pesadelo quando assaltantes invadem sua casa. São dois psicóticos violentos. A esposa e a filha são brutalmente assassinadas. Butler fica inconsolável. Há um pulo no tempo. Quando reencontramos o pai desolado ele está sendo informado pelo promotor do caso, interpretado por Jamie Foxx, que vai ser feito um acordo entre a promotoria e os assassinos. Eles vão confessar o crime e em troca ficarão menos tempo na prisão. Clyde Shelton (Gerard Butler)  fica indignado com isso. Afinal ele queria punição exemplar para os criminosos. Acontece que o promotor Nick Rice (Jamie Foxx) quer manter alto seu índice de condenações, mesmo que elas sejam obtidas através de acordos e artimanhas jurídicas. Para ele a justiça é o que menos importa.

Imediatamente Clyde resolve ele mesmo fazer justiça pelas próprias mãos. Dono de recursos impensáveis (nunca bem explicados pelo roteiro) ele começa a tocar o terror por toda a cidade, fazendo atos terroristas, matando juízes, advogados e promotores. O seu alvo passa obviamente a ser família de Rice (Jamie Foxx). Já que o promotor não parece disposto a fazer justiça, caberá a Clyde colocar em frente seu plano de vingança. Ok, temos aqui a velha fórmula da justiça pessoal, da vingança privada. Se o sistema não funciona, chega a hora de sujar as mãos. É uma velha premissa de muitos e muitos filmes de ação. O problema é que de repente o personagem Clyde de Gerard Butler se torna um sujeito com poderes dignos de um super-herói dos quadrinhos. Ele explode o que quer e quando quer. Mesmo quando está atrás das grades é capaz de colocar a cidade aos seus pés. O roteiro nunca dá, como eu escrevi, uma explicação convincente de como ele consegue fazer tudo isso. Com isso a trama acaba se tornando completamente inverossímil, o roteiro acaba estragando esse filme. Se o roteirista Kurt Wimmer tivesse sido mais convincente, penso que até que seria um filme interessante. Do jeito que ficou não dá mesmo para comprar a ideia absurda do que acontece na tela.

Código de Conduta (Law Abiding Citizen, Estados Unidos, 2009) Direção: F. Gary Gray / Roteiro: Kurt Wimmer / Elenco: Gerard Butler, Jamie Foxx, Leslie Bibb / Sinopse: Gerard Butler interpreta um pai de família que decide fazer justiça com as próprias mãos após perceber que os assassinos de sua esposa e sua filha ficarão impunes por causa do sistema judicial americano. Seu alvo passa a ser não apenas os criminosos, mas também o promotor do caso, em atuação de Jamie Foxx, que acabou escolhendo o caminho mais fácil, a do acordo judicial, do que a do julgamento dos assassinos.

Pablo Aluísio.

3 comentários:

  1. A verdade e que tanto o cinema quanto a televisão tem muito pouca fé numa família feliz pelo que se vê em filmes e novela. Se você vir uma família harmoniosa e feliz no começo de um filme, ou novela, pode esperar que vira algo pra destruir tudo.
    A mentalidade comunista/esquerdista entrou dentro dessa gente de uma forma inexorável.

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  2. Não. Não tem nada a ver com comunismo e nem esquerdismo. É da estrutura de todos os roteiros. Apresentação de personagens, caos implantado, tentativa de combater o caos e final feliz. É estrutura de roteiro mesmo. Então se a história tiver uma família feliz (apresentação de personagens), logo o caos vai acontecer para a história ficar interessante. Acontece com todos os tipos de personagens e não apenas os conservadores.

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