sábado, 30 de setembro de 2023

300

Algumas coisas são importantes você saber de antemão sobre 300. Primeiro é que essa não é uma tentativa de reviver os antigos épicos do passado. Nunca foi a proposta de seus realizadores ter uma visão baseada em filmes como Ben-Hur ou até mesmo Alexandre, o Grande (me refiro ao original e não ao filme de Oliver Stone). Outra observação importante a fazer é que 300 não é uma produção que tenha como objetivo ser historicamente correta. 

Na realidade esse filme é uma adaptação de quadrinhos e como tal é pura cultura pop em movimento. Provavelmente seja a melhor adaptação de uma Graphic Novel jamais realizada, só ficando ombro a ombro com Sin City que também é extremamente bem realizado. Desse modo o que vemos em cena é puro estilo baseado na arte gráfica da publicação original. Muitos que foram assistir 300 não levaram essas questões em consideração e por isso não gostaram muito do resultado final. Acharam uma linguagem inovadora mas cansativa. De certa forma para gostar de 300 você também tem que gostar de quadrinhos caso contrário vai ficar complicado se inserir dentro do universo que é mostrado na tela.

A trama se passa no ano 480 a.c. O supremo Imperador da Pérsia, Xerxes (interpretado com afetação por Rodrigo Santoro), decide enviar seu poderoso e até aquele momento invencível exército para dominar e arrasar a Grécia, naquele momento um conjunto de Cidades- Estados independentes entre si, Muitas cidades resolvem sucumbir à terrível ameaça que vem do Oriente mas a cidade grega de Esparta, conhecida por possuir os melhores guerreiros de toda a Grécia resolve enfrentar Xerxes e suas legiões. São selecionados assim 300 dos mais virtuosos combatentes Espartanos. Resolvem lutar usando de um ponto geográfico muito específico que lhes dá grande vantagem estratégica. A partir daí a batalha épica tem seu começo. Como não poderia deixar de ser esse roteiro lida muito bem com honra, garra e persistência, louvando aquele sentimento nobre de nunca desistir, de lutar até o fim, morrendo de pé se necessário. Zack Snyder aqui dá uma boa amostra de seu estilo diferenciado, arrebatador. Junte a isso o excelente material de Frank Miller no qual o filme é baseado e assim temos  um dos melhores filmes de aventura dos últimos tempos. Provavelmente depois você vai se pegar gritando: "Espartaaaaaaaaaaaa..." em algum momento decisivo de sua vida.


300 (300, Estados Unidos, 2007) Direção: Zack Snyder / Roteiro: Zack Snyder, Kurt Johnstad, Michael B. Gordon baseado na obra de  Frank Miller e Lynn Varley / Elenco:  Gerard Butler, Vincent Regan, Lena Headey, David Wenham, Michael Fassbender, Rodrigo Santoro, Tom Wisdom, Andrew Tiernan, Dominic West, Andrew Pleavin./ Sinopse: Trezentos dos maiores guerreiros de Esparta resolve enfrentar o magnífico exército de Xerxes, imperador da Pérsia.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 27 de setembro de 2023

Homem de Ferro

Primeira aventura do Homem de Ferro nos cinemas. Esse personagem da Marvel sempre foi muito querido pelos fãs dos quadrinhos mas nunca havia tido um tratamento tão vip como agora. Embora tenha seus fãs mais leais o fato é que o Homem de Ferro vinha em crise de popularidade, tendo inclusive seus títulos próprios cancelados no Brasil. O filme porém mudou tudo, agora ele é sempre um dos mais lembrados heróis do universo Marvel, virando inclusive uma força no mercado de licenciamentos com muitos brinquedos, jogos, camisas e demais bugigangas à venda. De fato o personagem é bem interessante, não apenas por ser uma nova versão dos antigos robôs dos filmes de ficção da década de 50 mas por ter também um alter ego muito singular, o bilionário Tony Stark (Robert Downey Jr.). 

Um fato curioso que poucos parecem se dar conta é que Stark é na realidade uma versão no mundo da ficção de Howard Hughes, um excêntrico magnata que viveu nos EUA (e que foi retratado pelo cinema no filme "O Aviador" com Leonardo Di Caprio fazendo o papel). Hughes assim como Stark era louco por tecnologia e aplicava muito tempo e dinheiro com invenções - algumas bem malucas - e aventuras. Morreu completamente louco e isolado em um quarto de hotel em Las Vegas, cercado de lixo e fezes por todos os lados. Apesar de seu final inglório Hughes está em Stark em praticamente todos os aspectos, seu visual (com o famoso bigodinho), seus maneirismos, seus projetos mirabolantes, etc. 

Esse Homem de Ferro, o filme, faz parte de um longo processo que vem há tempos se perpetuando no mundo do cinema americano. Descobriu-se, desde Batman de Tim Burton, que havia uma enorme legião de fãs de quadrinhos ávidos por consumir filmes de seus super-heróis preferidos. Vendo a mina de ouro os estúdios correram atrãs dos direitos autorais o que não foi fácil pois a Marvel sempre foi muito mal gerenciada, vendendo os seus direitos sem muito critério. A batalha pelos direitos do Homem Aranha, por exemplo, durou anos! Como o Homem de Ferro sempre foi considerado um personagem de segundo escalão a compra dos direitos de uso foi bem mais fácil. O filme é muito eficiente, bem realizado e competente. Nada de muito brilhante surge em cena mas em nenhum momento a produção decepciona. Robert Downey Jr, depois de anos de abuso de drogas e vexames públicos conseguiu finalmente que um grande estúdio apostasse as fichas nele, o escalando para o personagem principal. Direção de arte, efeitos digitais, tudo parece se enquadrar muito bem no final das contas. O velho Hughes certamente ficaria orgulhoso. 


Homem de Ferro (Iron Man, Estados Unidos, 2008) Direção: Jon Favreau / Roteiro:: Arthur Marcum, Matt Holloway, Mark Fergus, Hawk Ostby baseados no famoso personagem da Marvel criado por Stan Lee  / Elenci: Robert Downey Jr., Terrence Howard, Gwyneth Paltrow, Jeff Bridges, Samuel L. Jackson, Leslie Bibb, Stan Lee, Shaun Toub, Bill Smitrovich, Faran Tahir. / Sinopse: Tony Stark (Robert Downey Jr) é  um excêntrico bilionário e industrial que resolve criar uma inédita arma de guerra, uma armadura letal que também lhe serve como salva vidas uma vez que ele depende do equipamento para sobreviver.

Pablo Aluísio.

sábado, 23 de setembro de 2023

Homem-Aranha

Foram muitos anos de disputas judiciais em torno dos direitos autorais do personagem Homem-Aranha. Como essa guerra aconteceu nos bastidores, bem longe do público, muitos que ignoravam esses fatos não conseguiam entender porque um dos personagens mais populares das histórias em quadrinhos não chegava nunca às telas de cinemas mesmo após os grandes sucessos de bilheteria de Batman e Superman. Pois bem, um dia tudo isso teria que ser resolvido e foi. Os direitos autorais do aracnídeo finalmente foram adquiridos pelo poderoso grupo Sony – dono dos estúdios Columbia. E assim, finalmente em 2002 (lá se vão onze anos!) o Homem-Aranha finalmente chegou aos cinemas do mundo todo. Essa foi uma produção digna da enorme popularidade do herói, pois o estúdio não economizou em recursos, nem de produção e nem muito menos de marketing. Os produtos licenciados chegaram em todas as lojas e de repente o Homem-Aranha podia ser visto em tudo que era lugar, desde lancheiras, cadernos até roupas e sapatos.

Mas a questão principal permanecia: Será que o filme realmente era bom? A resposta, ainda bem, era positiva! Sim, o filme estava à altura do personagem e conseguia mesclar um roteiro bem escrito contando a origem do super-herói com doses caprichadas de drama, humor e romance. Tobey Maguire surgia pela primeira vez como o ícone dos gibis e a direção de Sam Raimi provava que era possível transpor o universo dos quadrinhos com eficiência e bom gosto para o cinema. Os efeitos especiais deixavam um pouco a desejar, é verdade, principalmente nas cenas em que o Homem-Aranha saía pela cidade pendurado em suas teias, mas eram cenas esporádicas e ocasionais, sendo que na maioria do filme tudo soava a contento. Como era de se esperar o filme se tornou um enorme sucesso de bilheteria ao redor do globo e o personagem criado por Stan Lee como uma forma de identificação com seus leitores caiu em cheio no gosto do público cinéfilo. A fita deu origem a mais duas continuações e mostrou que havia certamente um espaço reservado para o Spider-Man nas telas de cinema. Demorou mas chegou o dia. Antes tarde do que nunca!

Homem-Aranha (Spider-Man, Estados Unidos, 2002) Direção: Sam Raimi / Roteiro: David Koepp baseado nos personagens criados por Stan Lee e Steve Ditko / Elenco: Tobey Maguire, Kirsten Dunst, Willem Dafoe, James Franco, Cliff Robertson / Sinopse: Peter Parker (Tobey Maguire) é um jovem estudante como qualquer outro que é picado por uma aranha de laboratório. Depois do incidente ele descobre ter poderes especiais como subir em paredes e usar teias para se locomover entre os arranha-céus da cidade. Agora terá que entender que “grandes poderes trazem também grandes responsabilidades”

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 22 de setembro de 2023

Guerreiro

Esse filme é uma grata surpresa. Provavelmente muita gente vai ignorar pensando tratar-se de mais um daqueles especiais de vale tudo que saem diretamente em DVD. Realmente o marketing feito em torno dessa produção deixou a desejar e no Brasil ele sequer conseguiu espaço nas salas de cinema. Uma pena. A premissa é interessante: acompanhamos a estória de dois jovens. Um deles (Tom Hardy) reencontra o pai (Nick Nolte) após anos sem nenhum contato. O outro (Joel Edgerton) é professor de High School que em sérias dificuldades financeiras (o banco está prestes a executar sua casa) resolve voltar para o ringue atrás do prêmio de cinco milhões de dólares de uma nova competição chamada Sparta. Os personagens e a dramaticidade do filme são bem desenvolvidos o que é uma surpresa e tanto tratando-se do tema da produção pois era de supor que tudo se concentrasse apenas na pancadaria irracional, mas não, os atores estão bem e o roteiro é bem escrito, totalmente redondinho. Claro que em um momento ou outro o filme cai no clichê, o que é normal em termos de cinema esportivo mas esses pequenos deslizes não comprometem o resultado final. Tudo é de bom gosto e bem desenvolvido. As lutas também são bem coreografadas e chegam a empolgar.

O diretor Gavin O´Connor também faz parte do elenco do filme interpretando o promotor da luta JJ Riley, um ex figurão de Wall Street que resolve investir pesado na categoria. Gavin é bom diretor embora até agora não tenha feito nada de muito marcante. Seu melhor filme é "Força Policial" que ele dirigiu há três anos. Curiosamente tinha um enredo até mesmo um pouco parecido com esse "Guerreiro". É um cineasta que se preocupa com pequenos detalhes que fazem diferença no resultado final. Enfim, "Guerreiro" é um belo sopro de renovação no gênero cinema esportivo. Em tempos de fim da linha para antigos heróis do estilo como Rocky Balboa nada melhor do que surgir alguém para revitalizar os chamados "filmes de luta". Recomendo.

Guerreiro (Warrior, Estados Unidos, 2011) Direção: Gavin O'Connor / Roteiro:Cliff Dorfman, Gavin O'Connor, Peter Anthony Tambakis / Elenco: Joel Edgerton, Tom Hardy, Nick Nolte, Jennifer Morrison / Sinopse: Dois irmãos acabam em lados opostos durante uma competição esportiva de luta.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 20 de setembro de 2023

A Perseguição

Caçador e minerador (Liam Neeson) sofre acidente de avião em região inóspita do Alaska. Ao seu lado se forma um pequeno grupo de sobreviventes que tentam encontrar algum povoado ou região habitada. No caminho são atacados por uma matilha de lobos selvagens. "A Perseguição" tem todos os elementos que esperamos encontrar em filmes assim, de luta pela sobrevivência: bela fotografia (a região onde a produção foi realizada é muito bonita), bons atores, situações de risco e perigo mas faltou aquele "algo a mais". Talvez o assunto já esteja um pouco saturado no cinema ou então o problema seja com o personagem de Liam Neeson - sempre sorumbático, deprimido por causa da morte da mulher. Sem ser particularmente heróico o papel se perde no meio da nevasca não conseguindo criar vínculo com o espectador. Outro problema é a forma como o roteiro lida com os lobos - aqui muito próximos de predadores mitológicos, quase lobisomens. São malvados e cruéis, se tornando forçada sua presença em cena. O pior acontece no desfecho, quando finalmente acontece o clímax o filme termina abruptamente, sem desfecho. É aquele tipo de "final aberto" que tem se tornado modinha em Hollywood - para aborrecimento de quem quer saber o que acontece na conclusão do filme.

O diretor de "A Perseguição" é o cineasta Joe Carnahan. Seu maior êxito comercial é o terrível "Esquadrão Classe A" (também com Neeson). Aqui pelo menos ele se conteve mais e procura disponibilizar um argumento mais pé no chão, sem os arroubos de besteirol que encontramos no seu filme anterior. Pelo menos o bom senso aqui prevaleceu. Em resumo é isso. "The Grey" tinha tudo para ser muito bom mas faltou alguma coisa. Não empolga, não cativa mas pode até vir a funcionar em casa numa noite sem nada para fazer. Entretenimento regular mas esquecível.


A Perseguição (The Grey, Estados Unidos, 2012) Direção: Joe Carnahan / Roteiro: Joe Carnahan, Ian Mackenzie Jeffers / Elenco: Liam Neeson, Dermot Mulroney, Frank Grillo / Sinopse: Um avião cai no meio das paisagens mais hostis do Alasca. Os sobreviventes então tentam sobreviver em meio ao frio, ao tempo impiedoso e ao ataque de um grupo de lobos famintos e selvagens.

Pablo Aluísio.

sábado, 16 de setembro de 2023

O Comboio da Carga Pesada

Título no Brasil: O Comboio da Carga Pesada
Título Original: Breaker! Breaker!
Ano de Produção: 1977
País: Estados Unidos
Estúdio: Paragon Films
Direção: Don Hulette
Roteiro: Terry Chambers
Elenco:  Chuck Norris, George Murdock, Terry O'Connor

Sinopse:
John David 'J.D.' Dawes (Chuck Norris) é um motorista de caminhão durão que procura seu irmão, que desapareceu misteriosamente em uma cidade administrada por um juiz corrupto. Ele viaja até essa região e passa a procurar por seu parente, mas como era de se antecipar logo a situação se vira contra ele, gerando muita violência. 

Comentários:
"O Comboio da Carga Pesada" foi um dos primeiros filmes em que Chuck Norris apareceu como protagonista. Ele chegou ao mundo do cinema como coadjuvante de Bruce Lee. Aqui, nessa produção, ele já aparece como protagonista. O filme, claro, não é grande coisa, mas tem suas momentos interessantes. Eu sempre achei que era meio imitação de "Comboio", outro filme de ação famoso na época, mas na verdade há diferenças. Esse aqui é um filme B assumido, que usa todas as ferramentas narrativas, como humor. Um filme legal, mas só indicado para quem viveu os anos 80 e sabe muito bem quem foi Chuck Norris.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 13 de setembro de 2023

Mad Max 2 - A Caçada Continua

Então você gosta de filmes que se passam em um mundo pós-apocalíptico? Ora, então tem que necessariamente conhecer os filmes que deram origem a isso tudo. São os filmes do Louco Max, ou como conhecemos aqui no Brasil, Mad Max. São filmes violentos, pesados e com enredos simples. Cativaram o público por causa da originalidade de mostrar um mundo devastado, primitivo e novamente selvagem, mostrando o lado mais sórdido do ser humano, onde ele se torna capaz de tudo, matar, roubar, apenas para colocar as mãos em alguns litros de gasolina (afinal o que seria mais importante em um mundo destruído como aquele?)

Esse segundo filme da série é bem mais produzido do que o primeiro (que hoje em dia se parece mais com um filme amador!). Aqui há mais cuidados com figurinos, máquinas possantes (e mortais), além de maquiagem, efeitos especiais, etc. Claro, passados tantos anos algumas coisas ficaram datadas. O vilão, por exemplo, parece uma versão do Jason de "Sexta-feita 13", mas faça como os carros envenenados do mundo de Max e passe por cima desse tipo de coisa. Curta o filme não apenas pela ação desenfreada, como também por sua importância histórica. Afinal esses filmes que ainda hoje são lançados, com o mundo em ruínas, nada mais são do que novas versões para as boas e velhas aventuras violentas de Mad Max.

Mad Max 2 - A Caçada Continua (Mad Max 2, Austrália / EUA, 1982) Direção: George Miller / Roteiro: George Miller, Terry Hayes / Elenco: Mel Gibson, Vernon Wells, Bruce Spence, Michael Preston, Max Phipps / Sinopse: Mad Max (Mel Gibson) se vê envolvido numa luta pela sobrevivência em um deserto hostil pós apocalipse, onde todos lutam para colocar as mãos em uma refinaria isolada e perdida no meio do nada absoluto. Filme vencedor do prêmio da Australian Film Institute na categoria de Melhor Direção.

Pablo Aluísio.

sábado, 9 de setembro de 2023

O Último Boy Scout

Tony Scott realizava um cinema muito mais modesto e sem pretensões do que seu irmão famoso. Um exemplo é esse “O Último Boy Scout” (um título nacional simplesmente risível onde o tradutor mistura inglês e português sem nenhum motivo aparente). Com o sucesso de “Duro de Matar” Bruce Willis não tinha outro caminho a seguir a não ser tentar repetir mais cedo ou mais tarde seu maior sucesso de bilheteria. Ele até tentou trilhar um caminho mais condizente com sua veia de ironia e bom humor, deixando o gênero de ação de lado, mas não deu para aguentar por muito tempo pois as propostas milionários se acumulavam na mesa de seu agente. Assim depois dos fracassados “A Fogueira das Vaidades” e “Hudson Hawk – O Falcão Está à Solta”, o velho e bom Willis resolveu embarcar em mais uma fita de ação sem muitas firulas ou perda de tempo. Seu personagem, um detetive em crise, após falhar como agente do serviço secreto, era na realidade um genérico do policial que havia interpretado em “Duro de Matar”.

Para melhorar um pouco a trama superficial Tony Scott resolveu investir um pouco mais no desenvolvimento de seu protagonista mas sem se estender muito sobre isso. Ao seu lado resolveu escalar o ator e comediante Damon Wayans que era bem popular na época. A dobradinha obviamente era outra derivação da dupla de “Máquina Mortífera” que tanto sucesso fazia nas telas. A trama girava em torno de uma stripper que após receber várias ameaças de morte era finalmente assassinada, sem motivo aparente. Indignado pela falta de empenho da policia em desvendar o mistério de sua morte o namorado da vítima, um jogador de futebol aposentado, resolve então se unir ao detetive Joe Hallenbeck (Bruce Willis) para solucionar a morte da garota.  Durante as investigações novas pistas acabam levando a algo muito maior envolvendo um grande esquema de corrupção no mundo dos esportes com vários políticos influentes envolvidos. “O Último Boy Scout” é bem realizado, não há como negar, Tony Scott tinha pleno domínio sobre esse tipo de produção, com muita ação e cenas espetaculares, mas isso não impediu do resultado ser muito descartável e esquecível. Massacrado pela crítica o filme acabou se saindo bem nas bilheterias apesar de tudo o que iria determinar de uma vez por todas os rumos da carreira de Bruce Willis nos anos seguintes.  

O Último Boy Scout – O Jogo da Vingança (The Last Boy Scout, Estados Unidos, 1991) Direção: Tony Scott / Roteiro: Greg Hicks, Shane Black / Elenco: Bruce Willis, Damon Wayans, Chelsea Field, Noble Willingham, Taylor Negron, Danielle Harris, Halle Berry / Sinopse: Detetive e ex-jogador de futebol Americano tentam desvendar a morte da namorada desse, uma stripper que é assassinada de forma misteriosa.

Pablo Aluísio.


quarta-feira, 6 de setembro de 2023

Guerreiros de Fogo

Quando os primeiros cartazes de “Guerreiros de Fogo” surgiram nos cinemas brasileiros muita gente pensou tratar-se de mais uma aventura com Conan, o famoso personagem dos quadrinhos. Não era para menos. O filme era estrelado pela montanha de músculos Arnold Schwarzenegger, o mesmo que havia encarnado o guerreiro em uma outra produção do mesmo estúdio Dino de Laurentis que também havia realizado essa película. Além disso o pôster oficial com o ator em  uma pose típica lembrava demais o personagem bárbaro. Mas não era Conan e sim Kalidor que Schwarzenegger interpretava. De fato nem era o principal papel do filme. Na verdade “Guerreiros de Fogo” tinha como foco contar a estória de Red Sonja, uma guerreira do mesmo universo de Conan, também criada pelo autor Robert E. Howard. A protagonista era interpretada pelo loiraça Brigitte Nielsen que se tornaria a esposa de Sylvester Stallone. É curioso assistir a esse filme e perceber que Arnold não passa na verdade de um coadjuvante de luxo. Ele já tinha estourado com “O Exterminador do Futuro” e esse papel secundário só foi aceito porque ele tinha uma dívida de gratidão com Dino de Laurentis, que o havia escalado no primeiro Conan, abrindo as portas do cinema para o austríaco musculoso.

Revisto hoje em dia “Guerreiros de Fogo” soa bem datado. Não é surpresa. O filme teve um orçamento bem mais modesto do que Conan, por exemplo, e tinha um roteiro frouxo, sem foco. Arnold Schwarzenegger apenas passeia de lá pra cá, solta algumas porradas e não parece estar muito interessado. Pior se sai Brigitte Nielsen que provava com o filme que não tinha carisma suficiente para virar uma estrela. De fato era uma mulher impressionante, alta, bonita, com belo físico, mas como atriz era realmente uma nulidade. Sua carreira no cinema sofreria um golpe mortal quando resolveu trair Stallone com a secretária. Na época não se sabia que ela tinha tendências bissexuais mas o fato é que a mãe de Stallone, ao visitar a mansão do filho de surpresa, a pegou no flagra transando com a secretária particular do ator. A reação de Sly foi o pedido imediato do divórcio e a demissão de sua empregada (óbvio). A partir daí Brigitte cairia em um grande ostracismo. A dinamarquesa que teve seu primeiro papel aqui logo afundou, estrelando uma coleção incrível de filmes sem expressão, medíocres. No saldo final “Guerreiros de Fogo” deve ser assistido pelos fãs de Arnold Schwarzenegger e nada mais. Não é uma grande aventura de ação e nem uma bela adaptação dos quadrinhos que lhe deram origem. Vale apenas como curiosidade de ver o astro austríaco fazendo um genérico de Conan, o Bárbaro.

Guerreiros de Fogo (Red Sonja, Estados Unidos, 1985) Direção: Richard Fleischer / Roteiro: Clive Exton baseado na obra de Robert E. Howard / Elenco: Arnold Schwarzenegger, Brigitte Nielsen, Sandahl Bergman / Sinopse: A guerreira Red Sonja (Brigitte Nielsen) parte para a vingança contra uma rainha maléfica que destruiu sua família. Filme baseado em personagens do mesmo universo que Conan, o cimério de bronze.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 1 de setembro de 2023

Rambo - Programado Para Matar

John Rambo (Sylvester Stallone) é um veterano da guerra do Vietnã que chega em uma pequena cidade do interior dos EUA e acaba sendo hostilizado pelo xerife local, o truculento policial Teasle (Brian Dennehy). Caçado como um criminoso Rambo acaba utilizando seu treinamento militar para se defender e dar o troco ao corrupto tira. "Rambo - First Blood" mudou o cinema de ação no começo da década de 80. O filme inovava em vários aspectos, entre eles a forma como o roteiro lidava com a situação do personagem principal, John Rambo, que naquele momento era a personificação da derrota americana no Vietnã. Culpado e tratado como um derrotado pelos caipirões de uma cidadezinha do interior só lhe restava se defender da melhor forma possível, mesmo que isso significasse praticamente varrer a cidade do mapa. 

Muita gente não parou para pensar sobre isso mas "Rambo" pode ser considerado facilmente como um dos filmes mais influentes do moderno cinema americano. Depois dele criou-se toda uma estética de filmes de ação, de pura violência e pirotecnia, que fez escola e que de tanto ser imitado acabou desgastando o produto original. Rambo marcou o cinema na década de 80 de forma definitiva, para o bem ou para o mal. Essa produção e sua continuação, "Rambo II a Missão", redefiniram os filmes de ação e criaram uma infinidade de imitações. Era o típico "filme pra macho", muita porrada, muita ação e pouco papo. Fez escola e de tão copiado ao longo dos anos virou clichê. A ironia disso tudo é que essa nunca foi a intenção do criador do personagem Rambo, pois o livro foi escrito para ser um retrato da volta dos veteranos da guerra do Vietnã aos EUA. Claro que havia ação também no livro mas o aspecto humano do militar que volta derrotado para sua nação era o mais importante. O aspecto dramático do veterano Rambo era tão acentuado na literatura que ele inclusive morria no final da estória. 

Era um personagem em essência dramático que procurava denunciar uma situação pela qual vivia os ex-combatentes da guerra do Vietnã. No cinema porém a coisa foi bem diferente. Rambo virou uma máquina de guerra, quase um super herói para dizer a verdade. Vendo o potencial de bilheteria, Stallone e os produtores modificaram a natureza do personagem e no filme Rambo sobreviveria, literalmente destruindo a cidadezinha. O filme fez tanto sucesso que virou marca registrada de Stallone, que inclusive jamais conseguiu se desvincular da força do personagem nas bilheterias tanto que recentemente voltou ao papel no improvável Rambo IV. Há inclusive projeto para um Rambo V. É de se perguntar aonde isso tudo vai parar? É uma pena que Stallone não saiba nunca o limite da saturação, algo bem nítido nessa franquia Rambo. O fato é que mesmo influenciando tantos filmes Rambo já deu o que tinha que dar nas telas. O veterano merece agora descansar após tantas guerras em que foi inserido nos cinemas. A hora de pendurar a bazuca já passou há muito tempo.  

Rambo - Programado Para Matar (First Blood, Estados Unidos, 1982) Direção: Ted Kotchef / Roteiro: Sylvester Stallone, Michael Kozoll, William Sackheim baseados no livro de David Morrell / Elenco: Sylvester Stallone, Richard Crenna, Brian Dennehy, David Caruso, Bill McKinney / Sinopse: John Rambo (Sylvester Stallone) é um veterano da guerra do Vietnã que chega em uma pequena cidade do interior dos EUA e acaba sendo hostilizado pelo xerife local, o truculento policial Teasle (Brian Dennehy). Caçado como um criminoso Rambo acaba utilizando seu treinamento militar para se defender e dar o troco ao corrupto tira.  

Pablo Aluísio.