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quarta-feira, 1 de maio de 2024

Stallone: Cobra

Na década de 80 o ator Sylvester Stallone estava na crista da onda, colecionando sucessos em Hollywood. Ele tinha conseguido emplacar duas séries de bilheteria: Rocky e Rambo e era o astro mais bem pago da indústria cinematográfica. Depois de mais um êxito comercial, "Rocky IV" onde enfrentava uma máquina de lutar soviética (o grande inimigo dos americanos na época da guerra fria), o próprio Stallone escreveu o roteiro de um novo personagem, um filme policial e violento com toques de "Dirty Harry", o ícone durão que havia sido interpretado por Clint Eastwood numa série de filmes de sucesso entre as décadas de 70 e 80. Aquela fórmula parecia ser uma ótima ideia para Stallone escrever seu novo roteiro e assim ele o fez. O personagem de Stallone era um tenente ítalo americano da polícia chamado Marion 'Cobra' Cobretti. É curioso que a marca registrada dele tenha sido a violência insana. Na época Stallone estava sendo acusado de estrelar filmes muito violentos, sem roteiros convincentes e sem conteúdos relevantes. Por essa razão não é de se admirar que ele tenha escrito um personagem que representava justamente isso, um tira violento que não estava nem aí para os direitos humanos dos bandidos que encontrava pela frente. Sim, era uma "releitura" de Dirty Harry, isso era inegável, mas Stallone soube também colocar elementos novos.

Era óbvio desde seu lançamento que "Stallone Cobra" não primava por um bom roteiro. A trama era das mais simples. Na verdade Stallone caprichou mesmo na criação de cenas bem marcantes, principalmente de ação. Ele não estava interessado em criar um grande perfil psicológico de seu tira, mas sim rechear a produção de muitas cenas violentas, como a do mercadinho e a cena final, que na época de lançamento do filme trouxe problemas, principalmente no Brasil onde o filme acabou ganhando uma classificação absurda de 18 anos, algo que só era usado em filmes pornográficos. A molecada fã do ator reclamou e muito. O jeito foi a distribuidora nacional criar cortes, o que era outro descalabro. Para ganhar uma classificação de 16 anos o filme foi todo picotado, chegando assim ao grande público. Quem lembra do Paulo Brossard, ministro, comprando briga com a produtora do filme? Tempos absurdos aqueles. De uma forma ou outra "Stallone Cobra" fez grande sucesso, mas Stallone deixou o personagem de lado, isso quando todos esperavam por uma continuação tal como havia acontecido com "Rocky" e "Rambo". Pior do que isso em uma entrevista há alguns anos o próprio ator deixou claro que esse "Stallone Cobra" era um filme que não havia lhe agradado muito, apesar de ser sua criação. Pelo visto o policial violento de Stallone nunca mais retornará para as telas.

Stallone Cobra (Cobra, Estados Unidos, 1986) Direção: George P. Cosmatos / Roteiro: Sylvester Stallone baseado na novela de Paula Gosling / Elenco: Sylvester Stallone, Brigitte Nielsen, Reni Santoni / Sinopse: Marion 'Cobra' Cobretti (Sylvester Stallone) é um tira de métodos poucos usuais que não perdoa bandidos e meliantes em geral.  

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 3 de janeiro de 2024

Rocky IV

Rocky IV é um produto da guerra fria. Naquela época Estados Unidos e União Soviética lutavam entre si pela hegemonia mundial. O próprio presidente americano Ronald Reagan havia afirmado que a URSS era o império do mal. Por trás da antipatia mútua dos países havia a grande luta ideológica entre capitalismo e comunismo. Para os jovens isso tudo agora faz parte dos livros de história mas na década de 80 isso era pauta do dia a dia e fazia parte das conversas diárias. Para capitalizar em cima desse clima o ator Sylvester Stallone resolveu colocar seu personagem, o lutador Rocky Balboa, em favor da ideologia americana. Afinal seria uma grande idéia colocar dois boxeadores dessas nações lutando entre si em um ringue de boxe, tudo de forma bem visceral, sem máscaras. Há duas formas de entender Rocky IV - como cinema ou como propaganda ideológica. Como cinema o filme é um dos mais simples dessa franquia. Simples, mas muito eficiente. Enquanto os demais procuravam explorar o lado mais humano do lutador, esse aqui se apoiava muito mais no aspecto da luta em si, do que ela representaria para os Estados Unidos, afinal era a luta de um americano contra o soviético Drago (Dolph Lundgren) que sequer parecia humano. Frio, sem reação, mais se assemelhava a uma máquina do que a um homem. Ao seu lado uma charmosa russa interpretada pela mulher de Stallone na época, a bonita Brigitte Nielsen.

Já sob a ótica da ideologia política Rocky IV realmente não tem nenhum mistério. É uma apologia aos ideais da América, sem sombra de dúvidas. Stallone surge enrolado na bandeira americana, seu uniforme esportivo segue o padrão listas e estrelas da mesma bandeira, enfim tudo remete ao American Way Of Life. Em certos aspectos a produção é ainda mais ufanista do que Rambo III, que também seguia essa mesma linha mais patriótica. O problema é que o bloco soviético ruiu em 1989 e o suporte ideológico que sustentava esse tipo de filme deixou de existir. Assim os filmes ficaram sem esse conflito de ideologias, se tornando politicamente obsoletos, tanto que Stallone deixaria esse tipo de roteiro para trás definitivamente - Rocky V voltaria para o lado mais dramático dos primeiros filmes, por exemplo. De qualquer modo como o roteiro é muito enxuto e eficiente Rocky IV até hoje consegue funcionar muito bem. Stallone soube revitalizar antigos mitos como a luta de Davi contra Golias. Colocando seu personagem como um lutador desacreditado que luta sozinho, treinando com dificuldades ele criou uma simpatia imediata com o público. O lutador soviético Drago é um produto do Estado soviético, anabolizado, altamente preparado, sem um pingo de emoção; No fim das contas a luta acaba sendo não apenas entre USA x URSS mas também entre a paixão e o coração americano contra a frieza e a tecnologia dos russos. De certa forma quem acaba ganhando ao final é o público pois Rocky IV é divertido e empolgante, mesmo nos dias de hoje.

Rocky IV (Rocky IV, Estados Unidos, 1985) Direção: Sylvester Stallone / Roteiro: Sylvester Stallone / Elenco: Sylvester Stallone, Talia Shire, Burt Young, Brigitte Nielsen, Dolph Lundgren, Carl Weathers / Sinopse: No quarto filme do personagem Rocky Balboa para o cinema, o lutador americano terá que enfrentar o boxeador soviético Drago (Dolph Lundgren), um atleta sem emoções e programado para vencer a todo custo.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 6 de setembro de 2023

Guerreiros de Fogo

Quando os primeiros cartazes de “Guerreiros de Fogo” surgiram nos cinemas brasileiros muita gente pensou tratar-se de mais uma aventura com Conan, o famoso personagem dos quadrinhos. Não era para menos. O filme era estrelado pela montanha de músculos Arnold Schwarzenegger, o mesmo que havia encarnado o guerreiro em uma outra produção do mesmo estúdio Dino de Laurentis que também havia realizado essa película. Além disso o pôster oficial com o ator em  uma pose típica lembrava demais o personagem bárbaro. Mas não era Conan e sim Kalidor que Schwarzenegger interpretava. De fato nem era o principal papel do filme. Na verdade “Guerreiros de Fogo” tinha como foco contar a estória de Red Sonja, uma guerreira do mesmo universo de Conan, também criada pelo autor Robert E. Howard. A protagonista era interpretada pelo loiraça Brigitte Nielsen que se tornaria a esposa de Sylvester Stallone. É curioso assistir a esse filme e perceber que Arnold não passa na verdade de um coadjuvante de luxo. Ele já tinha estourado com “O Exterminador do Futuro” e esse papel secundário só foi aceito porque ele tinha uma dívida de gratidão com Dino de Laurentis, que o havia escalado no primeiro Conan, abrindo as portas do cinema para o austríaco musculoso.

Revisto hoje em dia “Guerreiros de Fogo” soa bem datado. Não é surpresa. O filme teve um orçamento bem mais modesto do que Conan, por exemplo, e tinha um roteiro frouxo, sem foco. Arnold Schwarzenegger apenas passeia de lá pra cá, solta algumas porradas e não parece estar muito interessado. Pior se sai Brigitte Nielsen que provava com o filme que não tinha carisma suficiente para virar uma estrela. De fato era uma mulher impressionante, alta, bonita, com belo físico, mas como atriz era realmente uma nulidade. Sua carreira no cinema sofreria um golpe mortal quando resolveu trair Stallone com a secretária. Na época não se sabia que ela tinha tendências bissexuais mas o fato é que a mãe de Stallone, ao visitar a mansão do filho de surpresa, a pegou no flagra transando com a secretária particular do ator. A reação de Sly foi o pedido imediato do divórcio e a demissão de sua empregada (óbvio). A partir daí Brigitte cairia em um grande ostracismo. A dinamarquesa que teve seu primeiro papel aqui logo afundou, estrelando uma coleção incrível de filmes sem expressão, medíocres. No saldo final “Guerreiros de Fogo” deve ser assistido pelos fãs de Arnold Schwarzenegger e nada mais. Não é uma grande aventura de ação e nem uma bela adaptação dos quadrinhos que lhe deram origem. Vale apenas como curiosidade de ver o astro austríaco fazendo um genérico de Conan, o Bárbaro.

Guerreiros de Fogo (Red Sonja, Estados Unidos, 1985) Direção: Richard Fleischer / Roteiro: Clive Exton baseado na obra de Robert E. Howard / Elenco: Arnold Schwarzenegger, Brigitte Nielsen, Sandahl Bergman / Sinopse: A guerreira Red Sonja (Brigitte Nielsen) parte para a vingança contra uma rainha maléfica que destruiu sua família. Filme baseado em personagens do mesmo universo que Conan, o cimério de bronze.

Pablo Aluísio.