sábado, 21 de outubro de 2023

Batman

Será que ainda havia espaço para os heróis em quadrinhos no cinema? Tentando responder a essa pergunta a Warner iniciou no final da década de 1980 a mais ousada e cara adaptação de um personagem de gibis até então. O escolhido foi o cavaleiro das trevas, Batman, da DC Comics. Claro que o personagem já tinha surgido nas telas antes mas aquelas estavam longe de serem produções classe A. Na verdade eram meros episódios de seriados na décadas de 50 ou então telefilmes adaptados ao cinema como o Batman super colorido da TV americana da década de 1960 com Adam West vestindo o uniforme do personagem. Todos sabiam que não seria uma adaptação fácil. 

O diretor escolhido, Tim Burton, tampouco agradou aos fãs. Ele tinha um estilo muito próprio, com direção de arte muito personalizada. Corria-se o risco de descaracterizar o famoso herói. Outro problema seria a escolha do ator para viver Batman. Os mais consagrados não queriam vestir a capa e os mais desconhecidos não tinham força suficiente nas bilheterias a ponto da Warner investir neles. 

O pior aconteceu quando o nome de Michael Keaton foi anunciado! Ele era basicamente um comediante de filmes engraçadinhos, meio careca e nada condizente com o perfil de Batman. Era uma escolha improvável e inadequada para praticamente todos os fãs. A situação melhorou um pouco logo depois quando Jack Nicholson aceitou viver o vilão Coringa. Era o que faltava ao filme, um grande ator, de enorme prestígio, para dar credibilidade à produção. Para ele seria mais do que interessante interpretar um personagem tão pop como aquele naquela altura de sua carreira! Nicholson arriscou de certa forma seu prestigio de ator dramático ao fazer um personagem de cartoon, mas para isso foi muito bem recompensado ganhando milhões em cima de uma porcentagem nas bilheterias estipulada em seu contrato. Sua atuação é muito fiel aos quadrinhos, diria até cartunesca, o que não deixa de ser conveniente para o personagem.

Como todos sabem Tim Burton sempre deixa sua assinatura impressa em seus filmes. O lado mais característico de seus filmes surge justamente na direção de arte, sempre inspirada e muito particular. A Gotham City que surge em cena é soturna, pessimista, sombria. Em certos aspectos procura de forma proposital imitar os próprios quadrinhos pois nada foi criado para o filme para aparentar realidade ou um ambiente real. Pelo contrário, a estética é obviamente inspirada na arte original da DC Comics  Quando chegou aos cinemas a bilheteria foi fenomenal, a curiosidade era imensa e Batman mostrava que tinha forças de atrair grandes multidões aos cinemas. A Warner também investiu pesado no licenciamento de produtos o que fez as lojas receberem uma enxurrada de mercadorias com a marca do personagem. Eram brinquedos, cadernos, álbuns de figurinhas, revistas, roupas, tênis e tudo mais que se possa imaginar. A receita multiplicou, mostrando a força do marketing agressivo que seria usada em produções posteriores. Visto hoje em dia o filme envelheceu um pouco e não pode ser comparado aos filmes de Christopher Nolan que são muito superiores, mesmo assim deve-se reconhecer que Batman 1989 é um marco nesse tipo de produção. Um filme que deu origem a toda essa moda de adaptações de quadrinhos que persiste até os dias de hoje.


Batman (Batman, Estados Unidos, 1989) Direção: Tim Burton / Roteiro: Sam Hamm, Tom Mankiewicz, Lorenzo Semple Jr., Warren Skaaren / Elenco: Jack Nicholson, Michael Keaton, Kim Basinger, Pat Hingle, Billy Dee Williams, Jack Palance, Robert Wuhl, Michael Gough, Lee Wallace, Tracey Walter, Wayne Michaels, Bruce McGuire / Sinopse: Após presenciar a morte de seus pais o jovem milionário Bruce Wayne (Michael Keaton) resolve combater o crime nas ruas de sua cidade, Gotham City.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 18 de outubro de 2023

Con Air - A Rota da Fuga

Título no Brasil: Con Air - A Rota da Fuga
Título Original: Con Air
Ano de Produção: 1997
País: Estados Unidos
Estúdio: Touchstone Pictures
Direção: Simon West
Roteiro: Scott Rosenberg
Elenco: Nicolas Cage, John Cusack, John Malkovich, Ving Rhames, Steve Buscemi 

Sinopse:
Grupo de prisioneiros da mais alta periculosidade são transferidos para um novo presídio de segurança máxima em um vôo especial. Entre os criminosos está o serial killer Cyrus Grissom (John Malkovich). Dotado de um QI fora do normal ele pretende liderar uma rebelião em pleno vôo, para sequestrar o avião em direção a outro país, onde pretende finalmente recuperar sua liberdade. Cameron Poe (Nicolas Cage), outro prisioneiro condenado por um crime menor, deseja apenas cumprir sua sentença para ir embora dali sem maiores problemas e por isso se torna um empencilho para os planos de Cyrus, assim como o obstinado agente do FBI interpretado por John Cusack.

Comentários:
Em seu lançamento foi um grande sucesso de bilheteria esse "Con Air - A Rota da Fuga". É o típico filme da linha de produção de Jerry Bruckheimer. Trocando em miúdos, muita pirotecnia, cenas espetaculares de ação e ritmo alucinado. Eu me recordo bem que uma das sensações do filme foi o pouso espetacular da aeronave em plena rua principal de Las Vegas - onde o avião saia arrastando tudo por onde passava. Já era uma mudança nos efeitos especiais que agora eram feitos (com muita competência técnica) por computadores, nascendo os tais efeitos digitais que iriam dominar o cinema pipoca dali em diante. Outro ponto forte dessa produção é seu elenco, acima da média. Além de Nicolas Cage, com longos cabelos, ainda tínhamos John Cusack, como um agente federal que andava de sandálias havaianas e no grupo dos vilões dois ótimos atores, o psicótico John Malkovich e o estranho Steve Buscemi (sempre muito bom mas também sempre subestimado). Nos anos 90 "Con Air" foi um dos mais populares filmes de ação lançados. Hoje é uma boa oportunidade para rever a produção e matar as saudades.   

Pablo Aluísio.

sábado, 14 de outubro de 2023

Indiana Jones e o Templo da Perdição

É curioso que Steven Spielberg tenha dado continuação ao seu grande sucesso de bilheteria “Caçadores da Arca Perdida”. Por essa época o cineasta não via com bons olhos seqüências de filmes de sucesso, tanto que chegou a declarar que odiava a idéia de um bom filme virar uma espécie de “franquia comercial” no cinema. Obviamente a raiva de Spielberg tinha endereço certo: as várias continuações (todas bem ruins) que o estúdio havia feito de “Tubarão”, um filme que Spielberg considerava sua obra prima, com roteiro fechado em si, sem possibilidade de se levar em frente. Claro que anos depois ele próprio mudaria de opinião e daria origem a muitas franquias com seu nome, principalmente como produtor executivo, mas por essa época o diretor ainda poderia ser considerado um purista e idealista da sétima arte (quando se tornou dono de estúdio Spielberg jogou fora tudo o que havia dito nesses anos). Pois bem, talvez por pressão do estúdio ou de seu amigo George Lucas o fato é que ele voltou para realizar a primeira seqüência de sua carreira: “Indiana Jones e o Templo da Perdição”. O arqueólogo mais famoso da história do cinema estava de volta às telas.

Assim que o filme chegou aos cinemas recebeu uma saraivada de críticas, pois os especialistas o consideraram violento demais para um público infanto-juvenil. Alguns anos atrás George Lucas reconheceu isso, de que a fita era realmente sangrenta além do que seria razoável. Atribuiu isso a problemas pessoais pelos quais passava enquanto escrevia a estória do filme. Segundo Lucas ele estava se divorciando de sua primeira esposa que estava levando quase tudo o que ele havia conquistado em anos e anos de trabalho e essa situação frustrante se refletiu em seu trabalho. Lucas escreveu cenas violentas, de cultos primitivos, onde pessoas tinham seu coração arrancado do peito, ainda batendo. “Era uma metáfora do que eu mesmo sentia” – explicou depois. Revisto hoje em dia “Indiana Jones e o Templo da Perdição” ainda se mostra uma boa película, com doses certas de ação e aventura, inclusive com cenas que se tornaram das mais lembradas da série mas em termos de comparação se torna bem inferior ao filme seguinte, “Indiana Jones e a Última Cruzada”. E de fato é bem violento, principalmente nas cenas de sacrifícios humanos, uma violência gratuita desnecessária. Analisando bem esse filme só não consegue ser pior do que “Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal” que é realmente péssimo. Também seria demais, convenhamos.

Indiana Jones e o Templo da Perdição (Indiana Jones and the Temple of Doom, Estados Unidos, 1984) Direção:  Steven Spielberg / Roteiro: George Lucas, Willard Huyck, Gloria Katz / Elenco: Harrison Ford, Kate Capshaw, Jonathan Ke Quan / Sinopse: O arqueólogo Indiana Jones (Harrison Ford) vai até a índia em busca de uma mitológica pedra preciosa. Lá acaba se envolvendo em uma série de aventuras em palácios e lugares exóticos e misteriosos. Indicado ao Oscar de Melhor Trilha Sonora. Vencedor do Oscar de Melhores Efeitos Especiais.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 13 de outubro de 2023

Assassino Virtual

Título no Brasil: Assassino Virtual
Título Original: Virtuosity
Ano de Produção: 1995
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Brett Leonard
Roteiro: Eric Bernt
Elenco: Denzel Washington, Russell Crowe, Kelly Lynch
  
Sinopse:
Um serial killer do mundo virtual consegue romper a barreira do tempo e espaço e vem parar no mundo real, na nossa realidade. Uma vez nesse ambiente ele resolve levar em frente sua trajetória de crimes violentos. Apenas um policial poderá detê-lo em sua jornada de cadáveres. Filme indicado ao Prêmio Sitges - Catalonian International Film Festival na categoria de Melhor Ficção do ano.

Comentários:
Com a popularização de computadores pessoais (os chamados PCs) houve uma explosão de interesse no assunto. Essa ficção, produzida há mais de vinte anos, apostava justamente nesse crescente interesse pelo mundo virtual pelos jovens. O roteiro, até muito bem bolado, procurava trazer o que poderia acontecer se as duas realidades (a real e a virtual) colidissem em um mesmo ambiente, um mesmo mundo. No caso temos o serial killer do mundo virtual transportado para o nosso mundo e um policial fazendo de tudo para impedi-lo. Soa meio bobo para você? Provavelmente sim, já que o tempo não costuma ser muito gentil ou favorável a filmes de ficção. Com o tempo eles tendem a ficar ridículos pois os avanços da tecnologia torna todas as previsões obsoletas e até cômicas. Nesse filme, por exemplo, apesar de sua proposta futurista, nem há o uso de telefones celulares, por exemplo. De qualquer maneira sempre é de interesse do cinéfilo em ver dois grandes atores em cena, atuando juntos. Denzel Washington e Russell Crowe se saem muito bem embora esse último pareça meio deslocado nesse tipo de filme que definitivamente nunca foi sua especialidade. Já Denzel parece empenhado em fazer a fita dar certo. Até que em alguns momentos ele consegue mesmo dar um bom ritmo ao filme como um todo.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 11 de outubro de 2023

O Escorpião Rei

Título no Brasil: O Escorpião Rei
Título Original: The Scorpion King
Ano de Produção: 2002
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Chuck Russell
Roteiro: Stephen Sommers, Jonathan Hales
Elenco: Dwayne Johnson, Steven Brand, Michael Clarke Duncan, Kelly Hu, Bernard Hill, Peter Facinelli

Sinopse:
No deserto do Egito uma nova ameaça surge no horizonte. Um líder guerreiro que comanda um exército praticamente invencível. A guerra se aproxima e definirá quem finalmente vai conquistar o poder absoluto.

Comentários:
Filme fraco, apesar da ideia ser pelo menos interessante, sob o ponto de vista da cultura pulp. O curioso é que foi um filme que nasceu de outra franquia e que ironicamente deu origem a sua própria linha de filmes, em continuações cada vez mais fracas. Assim é no final das contas um mero derivado da franquia "A Múmia" que já não era grande coisa. Aqui aproveitaram um personagem secundário do primeiro filme e resolveram fazer uma nova produção apenas para ele, claro tentando também transformar o "The Rock" (Dwayne Johnson) em um novo astro dos filmes de ação. No geral tudo é muito derivativo e sem importância, apoiando-se completamente nos efeitos especiais, que são até bons, porém inferiores aos dos filmes da múmia. Curiosamente houve um Faraó no Egito Antigo que se chamava Escorpião Rei, porém pouco se sabe sobre ele. Claro que o roteiro desse filme não está nem um pouco preocupado com história, mas apenas em faturar nas bilheterias com um produto fast food. Enfim, um filme sem razão de ser que apesar disso conseguiu gerar continuações! Pois é, como gostava de dizer um antigo produtor de Hollywood, sempre é bom não subestimar o gosto ruim do público americano. Ele muitas vezes dá lucros inesperados.

Pablo Aluísio.

sábado, 7 de outubro de 2023

Uma Saída de Mestre

Título no Brasil: Uma Saída de Mestre
Título Original: The Italian Job
Ano de Produção: 2003
País: Estados Unidos, Inglaterra, França, Itália
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: F. Gary Gray
Roteiro: Troy Kennedy-Martin, Donna Powers
Elenco: Mark Wahlberg, Jason Statham, Donald Sutherland, Edward Norton, Charlize Theron, Fausto Callegarini

Sinopse:

Depois de ser traído e deixado para morrer na Itália, Charlie Croker (Mark Wahlberg) e sua equipe planejam um elaborado assalto, com o objetivo de roubar uma grande fortuna em ouro. O alvo passa a ser justamente aquele que o traiu, seu ex-aliado. Filme premiado no World Stunt Awards.

Comentários:
Esse filme de ação reuniu um elenco e tanto! Realmente admirável. Penso inclusive que se fosse produzido nos dias de hoje não iriam conseguir reunir tantos astros e estrelas famosos do cinema atual. Afinal o cachê de todos eles inflacionou bastante desde 2003, quando o filme foi feito. Outro ponto positivo é que se trata de um filme sobre assalto. Esse é aquele tipo de filme que precisa ter um roteiro muito ruim para não dar certo. O natural mesmo é que acabe rendendo pelo menos um bom enredo, com doses de ação e suspense. A intenção dos ladrões é roubar um enorme carregamento em barras de ouro. O sonho de todo criminoso desse tipo. E para isso eles reúnem um tipo de "experts", cada um na sua area de atuação. Recentemente assistindo ao novo "Velozes e Furiosos" há uma pequena menção a essa produção quando Jason Statham mostra ao The Rock um pequeno carro italiano, um daqueles mini veículos, populares entre os consumidores da Itália. E esses carrinhos acabam sendo também uma das estrelas desse filme, em ótimas cenas de perseguição. Enfim, se você curte esse tipo de action movie, pode assistir sem medo. Vai gostar, seja de uma maneira ou outra.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 4 de outubro de 2023

Miami Vice

Dupla de detetives formada por James Crockett (Colin Farrell) e Ricardo Tubbs (Jamie Foxx) se envolvem numa complicada investigação sobre tráfico de drogas na cidade de Miami. "Miami Vice" foi um grande sucesso da TV americana durante a década de 80 (aqui no Brasil foi exibida pelo canal SBT). Como em Hollywood existe um certo deserto de idéias novas os produtores resolveram transpor as aventuras policiais desses detetives para o cinema. Os mais nostálgicos da antiga série certamente reclamaram do resultado, principalmente pelo uso excessivo de violência no filme. De certo forma eles tem razão uma vez que essa produção não captou o charme do produto original. Os atores também não repetem os bons desempenhos que vimos na telinha. Colin Farrell não consegue em nenhum momento recuperar o estilo e jeito cool de ser de Don Johnson. A única boa novidade é que o figurino exagerado da série foi aposentado. Quem ainda se lembra dos ternos brancos enormes que Don Johnson desfilava em cena? E do terror estético de seu parceiro? Felizmente aqui em termos de elegância a coisa melhora um pouco. 

Já o roteiro segue basicamente a mesma premissa. Miami é como New Orleans, uma cidade com muita personalidade, em que a mistura étnica deu um colorido todo especial para aquela comunidade, bem diferente das selvas de pedra do resto dos EUA, com suas arquiteturas maçantes e sem brilho. Miami aliás hoje brilha em outro seriado de grande sucesso atual, "Dexter" sobre o serial killer mais famoso da história da TV americana. "Miami Vice", o remake, foi dirigido pelo cineasta Michael Mann. Ele tem fama de durão e de jogar duro com os estúdios impondo sua visão em cada filme que participa. Aqui em "Miami Vice" por outro lado não vemos muito desse seu toque autoral pois tudo soa como produto embalado mesmo. A impressão que tive ao ver o filme foi que Mann colocou pouco de sua visão na tela em detrimento da busca de um grande sucesso de bilheteria. Se essa foi sua real intenção não deu muito certo. Produção cara - com custo superior a mais de 100 milhões de dólares - "Miami Vice" não conseguiu se tornar um grande sucesso. 

Miami Vice (Miami Vice, Estados Unidos, 2006) Direção: Michael Mann / Roteiro: Michael Mann, Anthony Yerkovich / Elenco: Colin Farrell, Jamie Foxx, Naomie Harris, Barry Shabaka Henley, Ciarán Hinds, Jon Jacobs, Domenick Lombardozzi, Elizabeth Rodriguez, Justin Theroux / Sinopse: Dupla de detetives formada por James Crockett (Colin Farrell) e Ricardo Tubbs (Jamie Foxx) se envolvem numa complicada investigação sobre tráfico de drogas na cidade de Miami. 

Pablo Aluísio.